Em seu novo artigo, Renato Eid traz reflexões interessantes sobre o momento do mercado, o que esperar daqui pra frente e dicas valiosas.
As últimas semanas trouxeram uma virada importante no cenário macroeconômico global. Dados mais fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos e uma inflação mais comportada, tanto por lá quanto aqui no Brasil, reacenderam as expectativas de cortes nas taxas de juros. O que até pouco tempo era tratado com ceticismo passou a ser tratado como provável: o início de um ciclo de afrouxamento monetário ainda em 2025.
No centro dessa mudança está a percepção de que o Federal Reserve pode, sim, iniciar cortes já em setembro. Para se ter uma ideia, a probabilidade de corte na reunião do FOMC saltou de cerca de 40% para 90% após a divulgação dos dados de emprego — um ajuste expressivo. Esse tipo de movimentação nos lembra por que tentar acertar o timing de mercado é tão desafiador (algo que já falei neste artigo), e reforça a importância de estar bem-posicionado e diversificado ao longo do tempo.

E no Brasil?
Por aqui, o movimento é semelhante. A inflação mais comportada — com núcleos em desaceleração — e a valorização do real frente ao dólar vêm gerando mais conforto no mercado, que já começa a antecipar o início dos cortes da Selic, antes esperados apenas para 2026.
Essa mudança de narrativa se reflete com clareza na curva de juros: há poucas semanas, o mercado atribuía cerca de 5% de chance de corte ainda este ano; agora, esse número gira em torno de 40%. E isso traz implicações relevantes para os seus investimentos.

Renda Fixa: o pré e o IPCA+ saem na frente
Com a expectativa de queda dos juros, títulos prefixados e atrelados à inflação ganham atratividade. E isso já se reflete na performance: em 2025, o ETF IDKA11 (estratégia de prefixados) acumula +14%, enquanto o IMAB11 (IPCA+) sobe +8,63%. Ambos capturam com eficiência esse movimento de antecipação dos cortes.
Renda Variável: liquidez e perspectiva ajudam, mas com seletividade
O ambiente de juros mais baixos tende a beneficiar o mercado de Ações. Com mais liquidez e menores custos de financiamento, empresas ganham fôlego e os valuations tendem a se expandir. Neste cenário, ETFs como BOVV11 e DIVO11 vêm performando bem — com +15,23% e +12,86%, respectivamente, no acumulado de 2025.
Importante destacar: embora o cenário seja construtivo, a seletividade continua fundamental. Ter flexibilidade e manter a diversificação ajuda a capturar oportunidades e a proteger contra surpresas.
E o papel dos investimentos internacionais? Ainda faz sentido?
Com dólar mais fraco e juros globais em queda, é natural que alguns investidores se perguntem se ainda vale a pena manter posições no exterior. A resposta é sim — e com bons motivos:
- Diversificação geográfica e cambial;
- Acesso a temáticas globais como inovação, tecnologia e megatendências;
- Complemento estratégico a um portfólio mais tradicional.
E para quem busca um instrumento alternativo de reserva de valor, o BITI11 — ETF que dá acesso ao Bitcoin — também entra na conversa, especialmente em um ambiente de juros reais mais baixos e busca por ativos descorrelacionados.
Conclusão: um novo ciclo começa, e ele pede atenção
A reprecificação dos mercados diante de dados econômicos mais suaves abre oportunidades reais nas mais diversas classes de ativos. Mas o momento exige mais do que otimismo: exige disciplina, estratégia e preparação para lidar com diferentes cenários.
Estar posicionado em estratégias que capturem movimentos de curva, manter uma base de diversificação global e ter agilidade para ajustar a carteira são elementos-chave para navegar bem o que vem pela frente.
O mercado segue em transformação — e quem estiver preparado pode não só proteger seu capital, mas capturar ganhos relevantes nesse novo ciclo de corte de juros que, ao que tudo indica, está prestes a começar.
Um abraço e até a próxima.
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