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A mala sem alça e suas lições de finanças e sustentabilidade

21 de janeiro, 2025 Por: Martin Iglesias, CFP® - Colunista íon

Na coluna Crônicas do Professor deste mês, Martin Iglesias fala sobre um caso em uma de suas últimas viagens que o fez refletir sobre como guardar e investir de forma mais sustentável.

Olá.

Na última viagem que fiz com minha filha Helena, um pequeno imprevisto transformou-se em uma grande reflexão. Estávamos no aeroporto, com malas, mochilas e casacos em mãos, quando aconteceu: a alça da minha fiel companheira de viagem se rompeu. A cena poderia ser cômica se não fosse trágica — levantar uma mala sem alça para o porta-malas de um táxi é um exercício de coragem, criatividade e força física.

Essa mala tem história. Não é só um objeto funcional; é uma testemunha silenciosa das minhas andanças pelo mundo. Cada arranhão na sua carcaça traz à tona uma memória. Aquela marca no canto esquerdo? Culpa de um trem apressado na Europa. O arranhão no zíper? Um encontrão numa parede de pedra em Cusco. É uma mala que já viu de tudo: reuniões de negócios, encontros culturais, aventuras com minha família e momentos de introspecção em viagens solitárias.

Quando a alça quebrou, confesso que cogitei aposentá-la. Afinal, depois de anos de bons serviços, talvez fosse hora de deixá-la descansar e adquirir um modelo mais moderno, talvez até mais leve e prático.

Mas algo me dizia para tentar consertá-la. Era mais que uma questão de economia: era quase um compromisso com as lembranças que ela carregava.

De volta a São Paulo, procurei uma casa de consertos no centro da cidade. O ambiente tinha um charme nostálgico, com prateleiras repletas de peças que prometiam dar nova vida a itens que, para muitos, já tinham cumprido sua missão. O atendente, experiente e sorridente, examinou minha mala como um médico que avalia um velho amigo doente e deu seu veredito: “Tem conserto, sim! E o preço é só um décimo de uma nova.”

Saí de lá com um sorriso no rosto. Não apenas porque minha mala seria recuperada, mas porque aquela experiência reafirmou algo em que acredito profundamente: a importância de reaproveitar e consertar, ao invés de descartar.

Vivemos em uma época em que o consumo consciente é mais do que uma escolha – é uma necessidade. Quantas coisas que jogamos fora poderiam ter uma segunda chance? Imagine o impacto se todos nós começássemos a consertar mais e comprar menos. Seria menos lixo acumulado, menos energia gasta em processos industriais e um alívio para os recursos naturais do planeta. Essa mudança de mentalidade não apenas ajuda o meio ambiente, mas também faz bem para o bolso.

As finanças sustentáveis não dizem respeito apenas a grandes investimentos em empresas verdes ou mudanças climáticas; elas começam em pequenas ações, como consertar uma mala. Quando evitamos o desperdício e adotamos o reaproveitamento, economizamos dinheiro e, ao mesmo tempo, ajudamos a construir um futuro mais sustentável.

A experiência com minha mala me fez pensar nas lições que estamos deixando para as próximas gerações, como minha filha Helena. Ensinar a importância do cuidado com os objetos e o impacto das nossas escolhas de consumo é tão valioso quanto ensinar a poupar ou investir. É um lembrete de que, ao cuidar do que temos, cuidamos também do planeta e de nós mesmos.

Hoje, minha velha mala está de volta à ativa. De alça nova, pronta para encarar novos caminhos, mas carregando o mesmo espírito aventureiro de sempre. E, mesmo quando vazia, ela continua cheia — cheia de memórias, histórias e aprendizados.

Ah, e vale dizer: uma mala sem alça pode até ser consertada, mas se tem uma coisa que ela nunca deixa de carregar, é um toque de humor. Afinal, não há metáfora melhor para algo que perdeu sua utilidade do que “uma mala sem alça”. Sorte a minha que essa história teve um final feliz — e com alça!

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